Área particular. Mantenha-se afastado!

Era uma vez um Dominador nada louco que fundiu a fantasia com a verdade e aqui vem contar algumas de suas disparidades.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

A semente e a submissa

A semente e a submissa

- Ah! Uma semente, Senhor.

Uma semente! Será que ela será uma grande e frondosa árvore, Senhor?

Tão pequena, desprotegida e frágil essa semente, Senhor.

Vou escondê-la sob a terra, amado. Assim ela poderá se proteger de sol e chuva até crescer forte e ser uma respeitável árvore. Ah, vou...

Todos os dias passarei aqui para regá-la, todas as vezes jogarei mais um pouquinho de terra e a protegerei, Senhor. Assim como Senhor me protege.

Até então calado e admirando o amor de sua peça pela semente, o Senhor fala. Sorridente, mas sisudo. Firme, mas amável.

- Então vou dispensá-la, submissa. Se é assim que te cuido, não tem porque de estar comigo.

- Ah, Senhor, não me dispense. Preciso de ti. A frágil submissa de voz mansa mostra desespero, arregala os olhos e agarra nas pernas daquele que a abastece.

- Precisa de mim? Para que, mulher?! Para dar-lhe água em excesso e cobrir-lhe de terra? Não, submissa, a vida já faz isso o tempo todo. O que pensei que eu fizesse era, através de meu adestramento, te possibilitar um germinar de ideas, um crescer forte sem tanto medo da vida e um florescer consciente de que intempéries e outras mazelas a perturbarão, mas que, de modo algum, impedirão o seu crescimento.

Quando passo horas falando-lhe o intuito é incentivar o sair debaixo da terra de seus medos e, à luz do dia, refletir sobre seus fantasmas, se fortalecer com a força do sol; à luz da noite fazer fotossíntese de toda essa energia e iluminar seus sonhos com mais esperanças que pessimismos.

Quando faço sessões contigo, quero adorar seu corpo, vislumbrar uma mente que cresce apesar das podas, que vai além mesmo com as pragas e que se fortalece na ausência de um jardineiro, no excesso de urina dos boêmios, que sobrevive ao possibilitar vida a pássaros e outros que pesam em teus galhos.

Por favor, me desculpe se errei ao cercear pensando em expandir. Agora saia de minhas terras, por favor.

O Senhor falou isso, jogou-lhe um punhado de terra e saiu. Se afastou chorando ao constatar que estava jogando terra em uma semente quando sua proposta era de possibilitar um germinar livre.

A submissa se colocou em um saco de muda e foi para uma praça pública.

Szir GanoN
 SP17119

3 comentários:

  1. Dizer que seu conto é belo, profundo, sensível, tocante....não, basta dizer: é de Szir GanoN.

    beijos

    ana.mmk

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  2. Infelizmente nem sempre as submissas se dão conta do real significado daquilo que os Senhores dizem e na ânsia de agradar... fazem tudo errado.

    Isso me é familiar! xD

    A negação de si mesmo é tarefa complexa, exige tempo, treino e constante vigilância.

    ^^

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  3. valha-me Deus essa submissa rsrsrs

    nila

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